Uma cidade como o Cabo de Santo Agostinho, seu potencial econômico, tem a obrigação de sair da posição de cidade do crime e da corrupção. O Cabo é uma Gotham City dentro do estado de Pernambuco com seus senhores do crime e toda escuridão possível.
Só se encontrará saída dessa posição que ocupa na violência depois que o trabalho cultural e educacional for planejado e executado com seriedade e não como palanque ou plataforma para carreiristas.
Promover esse tipo de exercício da coletividade é uma ferramenta para ampliação de sentidos que potencializa de forma individual e coletiva esperando encontrar uma saída, um caminho para essa paralisia cultural que a cidade viveu e vem tentando mudar com uma gestão do atual secretário de Cultura do Maestro Domingos Sávio. Acompanho os passos de sua gestão de longe, mas imagino a dificuldade que ele deve enfrentar todos os dias dentro de uma prefeitura que no geral, ainda não tem a confiança da sociedade local; O histórico da casa do povo e do palácio não inspira confiança. Torço para que as coisas mudem e tomem o caminho da verdadeira política.
A cultura é estabelecida como um direito, sendo dever do Estado garantir o acesso de todos os cidadãos, incentivando a valorização e a difusão das manifestações culturais (BRASIL, 1988).
Sobre a Cidade da Morte:
Cabo de Santo Agostinho, coberta por suas belezas naturais e históricas, uma das trincheiras mais importante na revolução de 1817. Uma das primeiras cidades a trabalhar com Agenda 21 e deixar todos os seus compromissos morrerem. Cidade que gerou dois grandes Reis, Manezinho Araújo o Rei da embolada, seguido por outro contemporâneo Barreto Júnior o Rei da Chanchada.
Essa é a mesma cidade que deixou sua arte diluir em copos grandes de descaso numa mesa de boteco em uma beira de estrada qualquer, estuprando seus artistas, vendendo suas reservas ecológicas e suas áreas de prevenção permanente, vide; área de SUAPE e Gaibu e Matas Vinhas. Um exemplo simples é o teatro municipal que leva o nome do Rei da Chanchada, que foi atrofiando até pegar fogo e morrer no esquecimento já normal dos políticos carreiristas que em quarenta anos conseguiram manter o título de cidade da morte e piorar ainda mais seu cenário, elevando a um nível nacional.
Hoje temos grandes reinados e Reis no Crime. Uma busca fácil no google teremos links para sites confiáveis com suas referências assustadoras de um cenário corrupto tanto na política como no caos de suas ruas e praias que representam uma cidade em guerra entre facções de drogas com toques de recolher distribuídos nas páginas de noticias em blogs da cidade.
Seguindo informações do IBGE:
IPEA elabora classificação dos 120 municípios mais violentos do Brasil:
Link: Aqui nessa classificação feita pelo IPEA com os dados do IBGE o Cabo de Santo Agostinho é um dos municípios mais violentas do país ocupa as seguintes posições:
Posição em ordenação dos 15 municípios mais violentos em relação à nota geral baseado no total e na taxa média de homicídios dolosos entre 2018 e 2020, Ficamos em 4º lugar.
Agora:
Ordenação dos 15 municípios mais violentos em relação à taxa de homicídios dolosos segundo os dados do SENASP/MJSP,O Cabo ocupa o 6º Posição. Sobre o PIB de 2017 e 2018 divulgados em 2019 segue a seguinte informação: Esta é uma lista de PIB nominal municipal do Brasil, que apresenta os municípios brasileiros ordenados de acordo com o produto interno bruto nominal a preços correntes em 2017. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE):
O Cabo ocupa a posição de número 100 entre as 5.570 municípios do país. Essa fonte foi extraída de outra página e não do IBGE é preciso olhar com calma os dados, mas temos a plena certeza que o Cabo de Santo Agostinho tramita entre as 300 cidades com um dos melhores PIB do país.
Quando o descaso com a educação, a arte e sua história é jogada pelo esgoto podre do egocentrismo, do poder pelo poder, quem paga essa conta sempre é, e será o povo. O Cabo de Santo Agostinho é um grande exemplo a não ser seguido.
O Festival:
O Festival Rock Solidário vem agregando música e solidariedade desde 2014 tentando abrir os olhos de quem ainda dúvida que o rock possa ser educador e agregador como música de protesto ou simplesmente como entretenimento. É fazendo esse tipo de movimento com as bandas de Rock da região que o produtor Alan França vem mobilizando e tentando desenvolver os dois lados que hoje estão bem evidentes no país. Um é o da produção musical, o outro o da fome que voltou forte com o atual governo Federal.
No palco do Festival já passaram mais de 35 bandas, durante esse tempo já foram arrecadados em suas edições algo perto de uma tonelada de alimentos que são doadas para instituições locais que precisam desse apoio.
Além da visibilidade as novas bandas, o festival também serve como referência para novos festivais surgirem dentro do cenário de caos que a sola o município. A ideia de festival, Feirinha culturais, festas de santos e padroeiros e qualquer outra forma de fazer a arte, devem ser vistos como uma forma de trazer desenvolvimento financeiro para um bairro, uma localidade, cidade ou região.
Ainda em meio à pandemia que não acabou o festival Rock solidário teve o apoio da Secretaria de Cultura em forma de Edital. Este ano exclusivamente o festival foi pensado para o pessoal que movimenta a produção musical dos músicos aos técnicos de som e áudio visual.
Rogo por mais festivais na cidade.
As apresentações (Resumo)
O festival trouxe novidades que foram algumas bandas Agostinianas tocando pela primeira vez no mesmo Palco. Espero que elas tenham aproveitado para discutir sobre o movimento e a cena do Rock que é uma das mais antigas de Pernambuco. São bandas com mais de vinte anos de existência e resistência.
Sobre o Primeiro dia:
Edmilson Matias e Banda.
A primeira surpresa ficou por conta de Edmilson Matias e banda. Fiquei em dúvida se era uma banda gospel ou não, mas que adoçou a noite com suas letras falando de amor e esperança. Edmilson Matias é músico, cantautor e produtor, em 2011 gravou seu primeiro álbum autoral chamado “A Juventude é um Sonho”. Figura conhecida e de uma tradicional família Agostiniana.
Como produtor realizou o conserto para a juventude um musical em homenagem ao dia internacional da poesia e combate ao racismo.
Edmilson Matias e banda: Começou trazendo uma paz e reflexões sobre a violência foi um verdadeiro aperitivo para o som pesado e de protesto que a noite prometia.
Ficha técnica:
Edmilson Matias - Vocalista
Auderson - Guitarra
Enderson Silva - Bateria
Arthur - Baixo
Vitor - Teclado
Vapor Maligno:
“De Pernambuco se emana o Vapor Maligno da Democracia” Assim falaram os assassinos colonizadores sobre nosso país Pernambuco. E assim é até hoje, o medo dessa terra ainda perturbam os grandes do poder. Banda com mais de vinte anos de estrada traz nas artérias o sangue questionador e deixa fluir em suas letras essa revolta. A Banda possui grandes letristas e suas canções são verdadeiras aulas de histórias. Essas composições feitas por Wagner, Antônio, Glauber e Leandro instigam e conquistam cada dia mais um público fiel dentro e fora do estado.
Foi nesse momento que o festival começou a esquentar a abanda apresentou um repertório cheio de clássicos como do primeiro álbum e a energia e fúria de Leandro Lins representa muito bem a proposta da banda.
Ficha técnica:
Vocal: Leandro Lins ( Miguinho)
Baixo: Wagner
Guitarra: Antônio Firmino
Guitarra: Glauber
Bateria: Gisael
Vurmos:
Palavra de origem alemã Wurn e significa “O pus das úlceras”. É de onde a banda “espreme” toda sua revolta.
Banda de Rock no estilo Thrash Metal da cidade do Cabo de Santo Agostinho residente do Bairro de Ponte dos Carvalhos Pernambuco Brasil. Formada em 1997, no comando e no vocal com seu principal musico e criador Mário Lucena (Marcinho) que luta de forma intensa para sobrevivência da banda e da cena do Rock no Cabo de Santo Agostinho. A sonora da Vurmos é tão intensa quanto à do seu criador, abordando temas do cotidiano e de um sistema que mata o cidadão brasileiro como um piolho, na unha.
A Banda Fez um som redondinho, pesado como tem que ser e cheio de personalidade.
Ficha técnica:
Márcio Lucena (Vocal)
Dicley Atack (Guitarra)
Marcelo Ramones (Baixo)
Eudes Júnior (Bateria)
Contos de Fraldas:
A Banda Contos de Fraldas com “The King” (Cassiano Macário) tomou conta do palco com a clássica música “Naná” música autoral, um punk Rock para cantar a plenos pulmões.
Criada no inicio de 1998, com o fim de três bandas na época (Homicídio, Children of Corn e a Quinto Elemento). Formadas por jovens que tinha a influência de diferentes estilos entre eles; new metal, punk e hardcore.
Quero destacar o Baterista Eric, que a muito não escutava o som das suas baquetas e mando aquele abraço fraterno ao companheiro.
Ficha técnica:
Cassiano “king” Macário – Vocalista
Denny Boy – Guitarra
Gaby – Guitarra Solo e Base
Glauber – Baixo (Vapor Maligno)
Eric - Bateria
A falta de público no Festival Rock Solidário é um verdadeiro pecado. Poder assistir essas bandas e curtir seu som suas ideias pode ser libertador. São ações assim que podem mudar a vida de um espectador e chamar para um futuro melhor.
Vida Longa as bandas do primeiro dia de Festival.
Segundo dia de Festival:
Na Reserva do Rock:
Com um repertório cheio de clássicos do Rock Brasileiro a Na Reserva começou no mesmo pique que arrasta uma galera que segue seus shows, seja nas praias do nosso litoral ou em eventos na capital.
Uma banda de pop rock do Cabo de Santo Agostinho formada em 2012. Por não encontrarem espaços na cidade alguns amigos resolveram se divertir cantando suas canções preferidas com reuniões repletas de covers, vinhos e amizade. A Banda se consolidou, mesmo com a rotatividade de músicos.
São persistentes, eles tocam o que querem o que o público sugere e como gostam com as suas influências nacionais e da gringa. Foi sem dúvida um esquenta bem gostoso para curtir antes das próximas bandas da noite.
Ficha Técnica:
Fernando Almoedo – Vocal e Guitarra
Thiago Oliveira – Guitarra
Augusto Neto – Baixo
Edvan Matias – Bateria
Elite Na Mira:
Uma das maiores expressões do Punk Rock Pernambucano vem desde 1997, mirando a Elite e uma sociedade sem escrúpulos. É a banda que mais gravou Álbuns da cena, e alguns são clássicos locais, que infelizmente ainda não decolaram a nível nacional, mas com grande respeito em nosso território. A Banda influenciou uma grande parte dos músicos roqueiros e a cena no Cabo de Santo Agostinho, assim como um dia eles foram influenciados por outros.
Apresentação foi uma verdadeira pancada nos ouvidos, Pajé (Vocal) continua com o mesmo sangue nos olhos de vinte e tantos anos atrás quando deixou seu instrumento de sopro e assumiu o vocal da banda, que já passou por algumas mudanças, mas mantem a base no com Jael Oliveira (baixo) e Eli Pajé no vocal a todo esse tempo.
A Elite na Mira tem uma descendência direta de umas das primeiras bandas de Rock do litoral Sul de Pernambuco os Marteladores de Cabeça.
Dos Marteladores duas bandas surgiram a Elite e Defeito Visual, essa ultima faz uma falta danada e vez outra, ela se faz presente em algum álbum da Elite através dos Irmãos Sabinos (Sergio e Sid) suas canções e letras autorais.
Detalhes: Durante a apresentação Tomei muitas e cantei a plenos pulmões cada frase entoada com força, fé, esperança e raiva para caralho.
Elite na Mira ainda BOTA PRA FODER.
Álbuns Autorais:
Elite na Mira
Salafrário
Revolução a cada dia
A solução (está em você)
Sangue caboclo.
Em 2018 foi o ano de DVD em homenagem aos seus 20 anos - ao vivo, com participação de Canibal (Devotos), Sid Sabino (Defeito Visual) e todos os admiradores que subiram ao palco.
Ficha Técnica:
Vocal – Pajé
Guitarra – Ângelo
Baixo – Jael
Bateria - Márcio
Aldercran França
Acompanho o som de Aldercran desde os tempos da COSMIC, sua primeira banda. O ano celestial era 2002, tocamos o primeiro álbum de estreia o autoral “Cemitério dos Anjos” de forma existente em nossa play list radiofônica.
Hoje Aldercran vem trabalhando o projeto autoral em “Meio ao Caos”, conta com a participação de mais dois músicos Daniel Skoll e Mike Rodrigues (Banda Trawma HC). Formando um Power Trio cheio de energia, e muita pancada com letras e músicas de Aldercran.
Fizeram uma apresentação instigante, com várias músicas falando sobre o momento atual e a revolta de estarmos passando por todo esse caos inimaginável e ao mesmo tempo previsível. Única coisa a lamentar foi à falta do público.
Ficha Técnica:
Aldecram França : Guitarra e Vocal
Daniel Skoll: Baixo
Mike Rodrigues: Bateria
Janete Saiu para Beber
Banda da cidade do Cabo vem desde 2010, traz uma sonoridade e suas misturas de punk rock, garagem rock e ritmos regionais.
O nome da banda faz referência a personagem de Charles Bukowski, no livro factótum. O livro contracena com a realidade à medida que apresenta personagens frustrados e obstinados em suas próprias ideias de sucesso. O Livro lançar o questionamento; até que ponto temos o controle da nossa própria vida?
Uma das melhores apresentações do festival Cesar Braga (Vocal) ganhou o palco com sua desenvoltura, deixando a banda instigada que não ficou de lado e também assumiu o papel e posição de uma das forças do Rock Agostiniano e Pernambucano. Kin Noise (Guitarrista) é um cara que já admiro das antigas, de tabela acompanho sua arte e a reverencio.
A banda tem um pé no som pernambucano da década de 90, e me fez lembrar algumas bandas da época como Querosene e Jacaré, Sheik Tosado e o Hardcore misturado do Via Sat.
Se coubesse aqui uma nota daria uma máxima.
A banda só mostrou o que já sabíamos que Pontezinha é massa, além de ser apenas um distrito do Cabo de Santo Agostinho.
Somos todos filhos do Mangue.
Ficha Técnica:
Cesar Braga – Vocalista
KIn Noise – Guitarra
Eudes Correua – Percurssao e Vocalista
Niel Melo – Bateria
Lenon Carneiro – Baixo
Eri romão – Percussao
Adriano Satiro - Percussao
O Festival teve a realização da Oficina do Rock, RFG Produções, Centro Cultural Farol da Vila. Apoio: Prefeitura do Cabo de Santo Agostinho.
Apresentação ficou por conta do produtor cultural e outras coisas mais; George Felipe que mandou brasa e deixou pegar fogo as apresentações. Geo Também foi responsável por mandar informações das bandas para essa resenha. Aqui agradeço.
Nossa Gotham City real é o Cabo de Santo Agostinho e o único herói que podemos ter é o planejar da arte, contra todas as mazelas do caos Agostiniano hoje presente na sociedade.
Parabéns ao secretário Domingos Sávio que vem lutando pela arte dentro de um sistema acostumado a pão e circo que a política de Santo Agostinho vive ou viveu acostumada, causando a destruição de seus templos ruírem e vez outra, apresentavam eventos de massa para garantir mais um mandato.
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