Nos anos 90 para fugir da ansiedade um garoto de dezoito anos, escutava rock nas alturas, no último nível da radiola. Era o que se podia fazer quando não tinha ninguém em casa, sem internet, praticamente sem livros e expectativa de emprego zero. A Sensação que a Gradiente três em um proporcionava não tinha preço. A fumaça comia solta e pairava no ar uma energia sonora de fazer o coração pulsar na mesma histeria em estéreo.
Mandava o mundo se escancarar, queria mesmo era escutar algo que não tocava nas rádios, nem se via na TV, pelo menos não em programas dominicais, mas na hora do jornal estava lá, o Planet Hemp era notícia certa.
Os mais velhos criticando e chamando todos de maconheiros. - Eles deveriam mesmo é ser presos. Diziam eles. Muitos não sabiam é que ao lado deles no na sala de estar silenciava um maconheiro que curtia aquelas caras de cabelos despenteados que faziam nossas mentes, enquanto na cabeça só escutava maryjane. Não era só maconha, eram letras de cunho social que só percebi nos anos dois mil. E se você ainda não tá ligado na missão...
Era Raprocknrollpsicodeliahardcoreragga. Sim em uma cidade phoda, linda cheia de vida, mas na época víamos a morte em cada esquina. Sabe o que é pior? Mais de trinta anos se passaram e ninguém ainda aprendeu nada em Rostro Hermoso.
Sentimento ligado à preocupação, nervosismo e medo intenso, ansiedade é seu nome. Morar na cidade da morte não era sorte de ninguém, nunca foi não sabemos se um dia será.
Ninguém conhecia Josué, meu deus Josué quem é? Queríamos diversão e arte, não tínhamos. O que existia era Chico Science, Planet Hemp, Elite na Mira que refletia toda sangria dos anos de sangue pelas ladeiras poéticas sem portas para novos poetas.
A ideia era se manter inteiro fazendo roda, fumando e tentando encontrar algo para fugir daquela porra toda de um futuro obscuro do verde e amarelo. Queríamos anarquia... Oi? Muitos amigos babacas, moças enlatadas, rebolavam em uma batida nada perfeita. Corria, pulava, bebia. Perguntava; quem tem seda? E a culpa é de quem? Cadê o isqueiro, quero fugir para o nada, chapado de maconha.
Ela perguntou se alguém gostava de manga rosa, e orientou a não tomar leite se chupar a fruta. Virar fora da lei e alienígena só conseguiria anos depois escutando Gustavo Almeida, nosso black. É, dizem que a caravana passa enquanto os cachorros ladram. Jogava a fumaça para o alto e deixava o caos vim e quem quisesse era só chegar.
Na verdade quem conseguiu escapar do inferno que era a cidade do Cabo uma verdadeira Gotham City sem a porcaria do Batman, hoje é um vencedor ou ruiu em desgraça vendido ao sistema.
E os que não tiveram a mesma sorte perguntam, a culpa é de quem? É por isso que ainda escutamos Hardcore, fumamos tudo até a última ponta, de forma bruta raizada nas profundezas de uma alma que cresceu e aprendeu a viver com as músicas dos professores maconheiros e revolucionários favelados.
Texto aleatório para uma noite aleatória.
E quem não entendeu...
no mínimo
Mantenha o Respeito.
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